terça-feira, 16 de maio de 2017

O TEMPO

Rendi-me bem moderadamente a um seriado na NETFLIX( Gilmore Girls),  algum tempo atrás. Não consigo passar muito tempo em frente de TV . Mas esse atraiu-me devido à experiência que acho que toda adolescente da minha época passou ao assisti-lo. Deliciei-me  com cada capítulo. A memória sonora projetou-me a uma fase rápida da vida, o enredo, os dramas, os lugares, tudo me despertou doces lembranças. 




Na série há uma adolescente que a chamam de ''Rory'', que é muito estudiosa e  quer entrar em HARVARD  ( meu sonho de menina). Tem  conflitos amorosos, é  bonita e tímida.  Há também um mãe descolada,  companheira e cheia de embates com os avós de Rory.  As festas também são  o máximo! Na primeira vez que assisti, havia um certa identificação ou no desejo de ser que nem ela e ter uma mãe que que nem a  Lorelai.

No decorrer dos capítulos da temporada, percebi como a percepção do nosso olhar muda, comecei a perceber coisas no seriado que meus olhos e cognição não se davam o trabalho de processar na época. Um exemplo, é  a questão da maternidade sem um companheiro.  Quando adolescente,  não percebia as críticas e dificuldades que a  mãe pode passar por não ter ajuda do pai da criança, antes não via os problemas que sensivelmente a série mostra. Outro exemplo, como  a falta de empatia de uma mãe pode trazer problemas  na criação dos filhos. E outra, como elas não se preocupam com a qualidade da comida! Tudo industrializado e tudo se resolvia com pizza! Como a Loreray é desorganizada com as coisas de casa ! Lane Kim, a melhor amiga da Rory, passa boa parte do tempo escondendo da mãe sua verdadeira personalidade e seus gostos por ter crescido em uma família rigidamente religiosa na qual  não há diálogo. 

É, eu cresci e fiquei muito mais crítica, receosa e mais séria. Os meus olhos não atentavam para as imperfeições desse mundo ou eram bem menores, não davam importância e nem falava sobre eles. Meus olhos eram mais inocentes.  Mas,   faz parte da vida. 

Essa questão do tempo é interessante, pois o tempo muda nosso olhar. Quantos lugares eram enormes quando crianças e hoje eles são pequenos? Quantas dores desconhecíamos e hoje somos íntimas! Quantas coisas nos alegravam como sair correndo atrás de uma  borboleta e hoje as expulsamos sorrateiramente. Como fazíamos as pazes rapidamente? Como enxergávamos certas pessoas enormes e quando a reencontramos somos até maiores que ela? A vida é assim. Há quem diga que é maturidade, pode até ser e precisamos! Mas confesso, que às vezes,  dá uma saudade de uma vida menos despretensiosa e mais leve! O  bom da série é isso,  as emoções  se misturam às emoções das idealizações de adolescentes ao lado das problemáticas que a vida nos oferece.

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