Rendi-me bem moderadamente a um seriado
na NETFLIX( Gilmore Girls), algum tempo
atrás. Não consigo passar muito tempo em frente de TV . Mas esse atraiu-me devido à experiência que acho que toda adolescente da minha época passou ao assisti-lo. Deliciei-me com cada
capítulo. A memória sonora projetou-me a uma fase rápida da vida, o enredo, os
dramas, os lugares, tudo me despertou doces lembranças.
Na série há uma adolescente que a chamam de ''Rory'', que é
muito estudiosa e quer entrar em
HARVARD ( meu sonho de menina). Tem conflitos amorosos, é bonita e tímida. Há também um mãe
descolada, companheira e cheia de embates com os avós de Rory. As festas também são o máximo! Na primeira vez que assisti, havia
um certa identificação ou no desejo de ser que nem ela e ter uma mãe que que
nem a Lorelai.
No decorrer dos capítulos da
temporada, percebi como a percepção do nosso olhar muda, comecei a perceber
coisas no seriado que meus olhos e cognição não se davam o trabalho de
processar na época. Um exemplo, é a questão
da maternidade sem um companheiro. Quando adolescente, não percebia as críticas e dificuldades que a mãe pode passar por não ter ajuda do pai da criança, antes
não via os problemas que sensivelmente a série mostra. Outro exemplo, como a falta de empatia de uma mãe pode trazer
problemas na criação dos filhos. E
outra, como elas não se preocupam com a qualidade da comida! Tudo
industrializado e tudo se resolvia com pizza! Como a Loreray é desorganizada com as coisas de casa ! Lane Kim, a melhor amiga da Rory, passa boa parte do tempo
escondendo da mãe sua verdadeira personalidade e seus gostos por ter crescido
em uma família rigidamente religiosa na qual não há diálogo.
É, eu cresci e fiquei muito mais
crítica, receosa e mais séria. Os meus olhos não atentavam para as imperfeições
desse mundo ou eram bem menores, não davam importância e nem falava sobre eles.
Meus olhos eram mais inocentes. Mas, faz parte da vida.
Essa questão do tempo é
interessante, pois o tempo muda nosso olhar. Quantos lugares eram enormes
quando crianças e hoje eles são pequenos? Quantas dores desconhecíamos e hoje
somos íntimas! Quantas coisas nos alegravam como sair correndo atrás de uma borboleta e hoje as expulsamos sorrateiramente.
Como fazíamos as pazes rapidamente? Como enxergávamos certas pessoas enormes e
quando a reencontramos somos até maiores que ela? A vida é assim. Há quem diga
que é maturidade, pode até ser e precisamos! Mas confesso, que às vezes, dá uma saudade de uma vida menos
despretensiosa e mais leve! O bom da
série é isso, as emoções se misturam às emoções das idealizações de adolescentes
ao lado das problemáticas que a vida nos oferece.