''Vamos viajar para Presidente Figueiredo '' falou meu pai a nós no
ano de 1991. Era nossa primeira viagem em família. Levou mais de 3 horas para chegar à Terra das Cachoeiras numa estrada que se ausentava
de asfalto. Fomos embarcados em um ônibus.
E tudo era alegria e novidade pra mim. Meus
pais aventureiros estavam acompanhados de duas crianças. Eu e minha irmã
de 5 anos.
Nos hospedamos em um hotel simples, lembro bem da madeira
que desenhava aquele quarto e da simplicidade.
Um das primeiras novidades foi conhecer a ariranha. Era um pele sedosa e macia de um animal que nunca tinha visto. Era mansa também. Nunca vou
esquecer. Lembro dela sair e entrar nas águas frias e correntes da cachoeira do
Urubui. Amei tocá-la e brincar com ela.
Depois conheci uma nascente. Ah, como fiquei intrigada e
curiosa. Era cristalina . Mas queria
saber de onde vinha aquela água. E não queria ter ido logo embora, pois ficava
pensando porque tinha escolhido nascer ali em meio aquelas grandes pedras.
Mais adiante, deparei-me com as estrondosas cachoeiras. Recordo-me do impacto que o barulho causava em mim , mas ficava encantada ao mesmo tempo!
Água gélida que me fazia tremer os queixos, mas papai segurava nossas mãos e continuávamos
aproveitar.
Foi nesse pequeno e grande deslocamento, que enfrentamos uma
trilha para se chegar a uma cachoeira. Lembro que meu pai falava que levaria
tempo para chegar. As únicas pessoas que estavam naquela trilha, era minha família.
Não lembro de ter medo e preguica. Meu
pai pegou um tronco de uma árvore já trabalhada e colocou no ombro e confiantes
fomos. Se surgisse uma cobra, tinha certeza que ele mataria. Rs A
caminhada demorou, mas eu estava tão encantada e queria ser forte que nem meu
pai, que não percebi o tempo passar. Lembro da estrondoso barulho da cachoeira,
sinalizando que aquela caminhada em família que eu estava adorando chegava ao
fim.
Não lembro exatamente quantos dias levou aquela viagem, mas
lembro que ela nos oportunizou ainda de visitar a caverna de Maragoaga. Morcegos,
cheiro de xixi, escuridão e queda d’água
enorme me fascinaram naquele dia ao lado
da minha família. Como podia existir uma caverna? Pensava eu aos 6 ou 7 anos de
idade.
Lembro da minha mãe vestir a mim e a minha irmã com o mesmo
modelo de roupa, só mudavam as cores. Não nos incomodava. Lembro dos sorrisos em família e da alegria de ter saído
da rotina em família e da felicidade com tudo que meus olhos tinham percebido
No meu trabalho hoje, alguém tinha falado que bom era viajar
pra longe, depois outra pessoa disse bom
é sair da rotina, seja lá pra onde for. E agora lembrei que exatamente é isso, não
importa pra onde seja, se é pra outro continente ou do outro lado do rio. O que
importa mesmo é estar ao lado de quem amamos, guardando memórias e aproveitando
o que a vida tem a nos oferecer.